é difícil olhar para esta página quase branca,

depois de tanto tempo passado sem partilhar nada da minha vida. De facto, fui colocando músicas, vídeos, que para mim são importantes, coisas que me dizem...
mas não fui capaz de me dizer.
e este é o tempo.
este é o tempo de me dizer.

sinto-me bem. sinto-me feliz. há 5 dias que agradeço particularmente a deus a minha vida, os meus amigos. conto e agradeço todas as minhas (muitas) bênçãos.
porquê?
bom, para percebermos isso temos de voltar muito atrás. Há um mês atrás, ou para ser mais preciso há quase um ano atrás.
há um mês atrás, porque este ano não tive férias. mesmo com a empresa fechada no mês de agosto fui trabalhar todos os dias, à excepção da semana que estive na Aparecida (lousada). uns dias por muito tempo, outros por pouco, mas todos os dias ia lá.
a retoma oficial do trabalho foi uma retoma teórica, em que me sentia cansado, agastado. não senti a paragem, e a hora e meia que passava na praia todos os dias, nem que estivesse muito frio, não chegou de tempo para mim. paralelamente um tumulto.
tumulto esse que terminou há uma semana. tumulto esse que foi uma relação disfuncional - por minha causa - ao ponto de eu só ser capaz de lhe chamar relação agora que terminou. durou quase um ano. um ano de riquezas, de alegrias e tristezas, mas sobretudo de desencontros. eu explico:
quando, como eu, gostamos de estar sozinhos não é fácil percebermos/aceitarmos/interiorizarmos que temos espaço para mais alguém. ou então, também como eu, demoramos tanto tempo a perceber que se torna tarde demais. e quando se torna tarde demais o espaço e o vazio também se tornam demais.

valeram-me os amigos.
lembro-me da cris, que não sabia de nada, mas que pressentiu, e num dia de caminho conseguiu que eu não pensasse em nada disso e me risse. me risse até me doer a barriga.
lembro-me do zé e do andré que se esforçaram para que não ficasse sozinho. da jack, que inventava desculpas para nos encontrarmos.
lembro-me da compreensão do rui e do abraço da joana. do ar surpreso da inês f. e do semi-surpreso da manela.

valeram-me os amigos.
valeu-me ter visto nos olhos dos outros que sou profundamente amado. mais do que na altura me sentia capaz de amar a mim próprio.
valeu-me ter contado as minhas bênçãos e ter percebido que eram muitas.
valeu-me o ginásio, que retomei semana passada. o cansaço que me fica no fim de uma aula de combat e uma de pump deixa-me de bem comigo próprio.
valeu-me dormir. dormir como não é costume em mim.

depois, por estes dias, um (grande) amigo reencontrou-me e deu o primeiro passo para voltarmos a partilhar caminho.
por estes dias, fui convidado para participar (no coro) num concerto no Coliseu da 9ª sinfonia de beethoven. (a do hino da alegria!)
por estes dias plantei 49 cedros e 2 thuyas.
por estes dias tivemos um sol radioso e quente.
por estes dias a "dra" jo partilhou comigo o vídeo que publico no fim - why music matters.

só posso olhar para amanhã com um sorriso aberto.
sou um abençoado e di-lo-ei constantemente a mim próprio...

Music Matters - Sigur Ros from Music Matters>.

1 comentário:

MANELUSKA disse...

Fico muito contente(acho que sabes o quanto)que, apesar de teres demorado tempo a perceber, percebeste (finalmente! :))que em determinado momento o espaço e o vazio se tornam demais sem alguém que tanto acompanhámos e gostámos. Mas que só não quisemos ver e assumir...
Acho que as coisas não acontecem por acaso nem as pessoas nos aparecem por acaso.Tudo deve ser vivido e ao máximo. Mas tudo também é aprendizagem. Se não foi agora, então é porque ainda não era para ser. E essas coisas são impossíveis de serem vistas no presente! Só de serem constatadas no futuro... ;)